30 de abril de 2010

General Leônidas, o autêntico..

Entrevista do general Leonidas Pires Gonçalves
é uma demonstação concreta de como
um personagem ativo do golpe que derubou
Jango segue com a linguagem da Guerra Fria

Por Mário Augusto Jakobskind


A Globo News, no último sábado (3 de abril), colocou no ar um longo depoimento do General Leonidas Pires Gonçalves, protagonista do golpe civil-militar que derrubou o presidente constitucional João Goulart, em 1 de abril de 1964.

Entrevistado pelo repórter Geneton Moraes Neto, o militar, hoje com 89 anos, repetiu o que vem sendo dito ao longo do tempo por protagonistas ativos do movimento civil militar que interrompeu a ordem constitucional e fez o país mergulhar numa longa noite escura.

Ao mais puro linguajar da época da Guerra Fria, Pires Gonçalves repetiu a baboseira segundo a qual o golpe foi uma “revolução, uma vontade nacional, contra um regime sindicalista-comunista- criminoso".

O repórter não aproveitou a oportunidade para perguntar ao ex-comandante do DOI-Codi do I Exército, entre março de 1974 e janeiro de 1977, o que ele teria a dizer sobre a participação dos Estados Unidos na derrubada de Jango, oficialmente comprovada com a liberação de uma série de documentos encontrados nos arquivos do Departamento de Estado.

Seria uma perda de tempo mencionar todas as baboseiras repetidas por Pires Gonçalves, um militar retirado pelas Organizações Globo do mofo da história.

O também ex-Ministro militar do governo José Sarney foi sincero em seu rancor histórico contra os setores que nunca comungaram com os ideais autoritários de um movimento que conseguiu alcançar a meta que se propunha devido ao apoio ostensivo do então governo estadunidense de Lyndon Johnson.

Foram milhões de dólares retirados do Tesouro estadunidense para apoiar a quebra da ordem constitucional.

Se não fosse inimputável

Pires Gonçalves passou dos limites em matéria de absurdo ao defender a tese de setores truculentos da antiga linha dura segundo a qual o jornalista Vladimir Herzog se suicidou na prisão. Se não fosse inimputável pelos seus 89 anos deveria responder na Justiça pelo que afirmou.

Tais fatos pertencem à história. Devem ser estudados e analisados para se entender melhor os dias atuais, inclusive evitando que sejam repetidos mesmo como farsa e jamais esquecidos por jornalistas, entre os quais Geneton Moraes Neto. .

Fonte – Bog Mário Augusto Jakobskind